Conselho de mãe é sempre bom: será?
Toda vez que escuto ou vejo postagens nas redes sociais do tipo “tudo que
uma mãe fala é sempre certo”, “siga o conselho de sua mãe” etc, sinto uma
imensa vontade de comentar mas acabo ficando em silêncio.
Mãe precisa dar conselhos no tempo certo e muitas vezes este tempo passa!
Por exemplo, quando somos adolescentes, a maioria dos pais se ausenta da tarefa
de dizer aonde o filho pode ou não ir, namorar ou não namorar, deixando-os “livres”
(largados mesmo) para se descobrirem, para andar com quem quiserem, para voltar
para casa quando bem entenderem. Isto para evitar os conflitos com o
adolescente e este cenário me parece completamente ERRADO. É neste momento que
mãe (e pai) devem abrir a boca e falar pois ficará na consciência do jovem o
que ele pode ou não fazer, além disso, a mensagem inconsciente será “meus pais
se preocupam comigo e com meu bem-estar”.
Do contrário a mensagem será “ninguém se importa comigo”, “não preciso
me preservar”, “não sou importante” e por fim “posso acabar com a minha vida”.
Neste mês de dezembro, lembramos da luta contra a AIDS. Minha mãe nunca
me falou nada sobre isso, mas na minha adolescência buscava fontes em programas
informativos e de entrevista como o Sem Censura apresentado por Leda Nagle na
época e ouvi muitas coisas sobre Cazuza, Renato Russo e duas vidas destruídas
pela libertinagem.
Desde então levei a sério quando falavam da epidemia de Aids
que viria dali há alguns anos e não é que chegou?
Casei virgem e só beijei muito tarde para uma jovem “normal” e por nunca
ter namorado, chegaram a duvidar da minha escolha sexual. Além do fator sexual, ainda tinha a questão da bebida alcóolica e das drogas injetáveis, também não bebia para não perder o controle da situação e não chegar a um ponto que não tivesse volta.
Quando eu mais precisei de conselhos minha mãe não estava lá. Entendi com
uma frase de um famoso autor (vou ficar devendo, pesquisem) que “a criança se
educa sozinha” e levei a sério buscando os melhores caminhos para preservar minha
integridade mental e emocional não permitindo que os padrões que estabeleci
fossem quebrados por qualquer pessoa. Aprendi vendo os exemplos e erros dos
outros, principalmente das irmãs mais velhas.
Por fim, é na “multidão de conselhos que está a sabedoria” como diz o
versículo bíblico e não apenas em uma pessoa, ou na pessoa da mãe.
Aliás, tem
muitas mulheres que geraram filhos, mas nunca pararam suas vidas atarefadas e
sem tempo para ouvir os problemas deles. E isto no meu ponto de vista não é ser
mãe. Mulheres que querem saber de tudo sem ter nenhuma experiência no assunto
dando ‘pitaco’ para resolver a situação dos ‘filhos’ como se fosse mágica
também não é mãe.
Mãe é aquela que sabe de si, que entende que não irá resolver os
problemas apenas dando opinião e sabe que ouvir e compreender gera um efeito
muito maior. Mãe é quem conhece o filho que criou e não apenas gerou. Mãe é
aquela que gerou, sonhou e mesmo sem dar a luz entende as responsabilidades da
criação de qualquer criança. Mãe não é pra ser perfeita, mãe é para ser exemplo
de ser humano e não mulher maravilha!
Bom sábado!
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